São Paulo registrou aumento de 21,7% das vítimas em um ano
O aumento de 21,7% das mortes em decorrência de intervenção policial em 2023, deve-se a um conjunto de fatores resultantes da condução do governo do estado na área da segurança pública. A atual gestão, iniciada no ano passado, trouxe instabilidade ao cenário policial de São Paulo com a militarização da Secretaria de Segurança, afastando o perfil legalista que historicamente ocupava a posição; cortes em programas de prevenção e em ações de inteligência (R$ 98 milhões a menos, incluindo R$ 15 milhões das câmeras corporais); e mudanças substanciais no alto comando da PM, criando descontentamento na corporação.
Segundo dados do 18º Anuário de Segurança Pública, temos uma polícia militar que mata em excesso e morre mais de problemas psicológicos causados pela profissão do que em confrontos. Problema que é reiterado: (i) pela inexistência de revisão das políticas de segurança – mesmo diante do aumento dos homicídios; e (ii) pelas declarações por parte do governo do estado parabenizando operações letais e incentivando um tipo de conduta violenta.
A Operação Verão não foi um sucesso. Cinquenta e seis civis foram mortos em um curto espaço de tempo, incluindo Edneia Fernandes Silva, uma mãe de seis crianças, que estava apenas existindo quando foi alvo de um tiro na cabeça. Assim como ela, 66,3% (321) das pessoas mortas eram negras. O número é significativamente desproporcional à composição racial do estado, onde a população negra representa 40,9%. Essa disparidade racial mostra a persistência do racismo estrutural no aparato de segurança pública, afetando, sobretudo, jovens negros de 18 a 29 anos, que compõem 45% das vítimas.
O contexto de São Paulo é bastante desafiador e exige um trabalho comprometido em relação à transparência, ao combate ao racismo, e à ampliação de esforços entre governos. A pauta da segurança pública não deve ser esvaziada e utilizada politicamente sem compromisso com a proteção de toda a população.
Destaque 1: 52,3% das vítimas tinham de 12 a 29 anos
Destaque 2: 321 das 510 vítimas eram negras
Destaque 3: A capital concentrou 34,5% das mortes
Número e proporção de vítimas de mortes decorrentes de intervenção do Estado por faixa etária – São Paulo – 2023
Fonte: SSP-SP | Elaboração: Rede de Observatórios da Segurança
Ranking dos seis municípios com mais mortes decorrentes de intervenção do Estado por cor ou raça – São Paulo
Fonte: SSP – SP| Elaboração: Rede de Observatórios da Segurança *Soma de pretos e pardos conforme o critério estabelecido pelo IBGE **Não Informados