A cada 24 horas ao menos oito mulheres foram vítimas de violência em 2023
- Foram 3.181 vítimas registradas em 2023, um aumento de 22,04% em relação a 2022;
- 586 casos de feminicídio nos oito estados monitorados pela Rede, um a cada 15h;
- 72,70% dos feminicídios foram cometidos por companheiros e ex-companheiros, mas o Estado também precisa ser responsabilizado;
- Pelo quarto ano consecutivo, há escassos registros de raça/cor das vítimas. 71,72% das vítimas sem informação racial;
- Foram 34 vítimas de transfeminicídio;
- Pernambuco lidera em casos de feminicídio no Nordeste, com 92 vítimas;
- Bahia apresentou o maior registro de homicídios de mulheres entre os oito estados monitorados;
- Com 1.081 casos, São Paulo é o único estado entre os monitorados que registra acima de mil eventos de violência;
- Maranhão lidera casos de violência sexual no Nordeste, com 40 ocorrências;
- Rio de Janeiro tem alta de 95,28% nos eventos de violência em quatro anos;
- Ceará tem o maior número de feminicídios em seis anos e tem os maiores números de transfeminicídios no Nordeste;
- Piauí tem aumento de quase 80% nos eventos de violência;
- No Pará, desigualdades sociais e garimpo agravam as violências contra mulheres.
A cada 24 horas, ao menos oito mulheres foram vítimas de violência em 2023, em oito dos nove estados monitorados pela Rede de Observatórios da Segurança (BA, CE, MA, PA, PE, PI, RJ, SP). O dado é revelado no novo boletim Elas Vivem: liberdade de ser e viver, que será divulgado no dia 7 de março. Ao todo, foram registrados 3.181 mulheres vitimadas, representando um aumento de 22,04% em relação a 2022, quando Pará e Amazonas ainda não faziam parte deste monitoramento.
A quarta edição do relatório Elas Vivem comprova que, no Brasil dos direitos humanos e da Lei Maria da Penha, ainda é difícil ser mulher. Ameaças, agressões, torturas, ofensas, assédio, feminicídio. São inúmeras as violências sofridas que não começam ou se esgotam nas mortes registradas. Os dados monitorados apontaram 586 vítimas de feminicídios. Isso significa dizer que, a cada 15 horas, uma mulher morreu em razão do gênero, majoritariamente pelas mãos de parceiros e ex-parceiros (72,70%), munidos de armas brancas (em 38,12% dos casos), ou municiados por armas de fogo (23,75%).
Fonte: Rede de Observatórios da Segurança
*O estado não integrava a Rede de Observatórios da Segurança em 2022
Desde 2020, a Rede de Observatórios traz à tona os números que representam as vidas de mães, irmãs, tias, sobrinhas, amigas, colegas de trabalho e tantas outras mulheres que foram ou continuam sendo subjugadas e vitimizadas por uma força que não aceita sua liberdade de ser e viver. Além disso, a instituição reforça que não existe combate à violência sem pesquisa e investigação. As políticas públicas são capazes de evitar violências e preservar vidas. Muitas mulheres vitimadas poderiam ter sido salvas, assim como os ciclos de violência interrompidos, se houvesse uma intervenção efetiva de um Estado que insiste em negligenciar os dados e dificultar o caminho das vítimas.
“São as memórias que sustentam o grito entalado de indignação e a cobrança por justiça. A mobilização contra o feminicídio e outras formas de violência salva vidas. Nós já perdemos mulheres demais, e ainda perderemos. É a denúncia incansável que preservará a vida de tantas outras”, disse a jornalista Isabela Reis, que assina o principal texto desta edição do relatório.
O novo boletim ampliou a área de monitoramento. Pela primeira vez, o Pará está entre as regiões mapeadas, ocupando a quinta posição no ranking entre os oito estados, com 224 eventos de violência contra mulheres. No contexto da Região Amazônica, estão as desigualdades sociais e o garimpo, que agravam essas dinâmicas violentas.
Os dados em cada uma das oito regiões mostram São Paulo como o único estado a ultrapassar mil eventos de violência – um aumento de 20,38% (de 898 para 1.081). Em seguida vem o Rio de Janeiro, que cresceu 13,94% (de 545 para 621). Entretanto, o Piauí é o estado que registrou a maior taxa de crescimento: quase 80% nas violências de gênero em um ano (de 113 para 202). Também no Nordeste, com 319 casos de violência, Pernambuco tem o maior número de feminicídios (92). A Bahia lidera em morte de mulheres na região (199), o Ceará é o principal em transfeminicídios (7) e o Maranhão lidera os crimes de violência sexual/estupro (40 ocorrências).
Acesse o relatório aqui.