Uma criança sofre violência a cada 12h
- Rede registrou 1473 eventos de violência contra crianças e adolescente em dois anos
- 37 crianças foram vítimas de balas perdidas no Rio de Janeiro, neste período
- Pernambuco se mostrou o estado mais letal para os jovens
- A Bahia tem mais casos de violência sexual no Nordeste
- No Ceará, a maior parte das vítimas são meninas
- São Paulo apresentou um aumento de 129% de casos em 2021
Foram 1473 eventos ou um registro a cada 12h, entre casos de violência letal, sexual e institucional, monitorados pela Rede de Observatórios da Segurança em dois anos. O dado é do boletim Infância Interrompida: números da violência contra crianças e adolescentes. O levantamento, de junho de 2019 a maio de 2021, foi feito pelas pesquisadoras da Rede em cinco estados: Bahia, Ceará, Pernambuco, Rio de Janeiro e São Paulo. Os estados do Piauí e Maranhão chegaram na Rede em agosto desse ano e ainda não estão nesse apanhado.
Entre os casos monitorados estão o do menino Henry Borel(4), o de Miguel Antônio (5), das primas Emily e Rebecca e dos jovens Mizael e Juan Ferreira. Os homicídios contra menores de 18 anos e a violência sexual lideram entre agressão física, tortura, abandono, negligência, cárcere privado, sequestro e bala perdida. A maior parte das vítimas, quando olhamos o total de casos de todos os estados, são meninas e, entre os que conseguimos registrar a raça, a maior parte é negra.
Em São Paulo, o número de meninas vítimas é mais que o dobro que o de meninos. O estado também apresentou um aumento de 129% de casos nos cinco primeiros meses de 2021. Enquanto no Rio de Janeiro, o que chama atenção é o número de mortes em decorrência por bala perdida – muitas das vezes durante operações policiais.
No Ceará, as meninas também são as maiores vítimas. Outro apontamento sobre o estado é o alto índice de “não informados” em contraponto ao não registro de vítimas negras. Já Pernambuco registrou o maior número de mortes violentas de jovens até 18 anos. Enquanto a Bahia, lidera os números de violência sexual no Nordeste.
A maior parte dos crimes é cometido por familiares e praticado em lugares que deveriam ser de acolhimento e segurança. Um quadro agravado durante a pandemia. No total, quando olhamos os cinco estados, tivemos um aumento de 10,3% de registros de violência contra criança e adolescente nos primeiros cinco meses deste ano.
A Rede surgiu para suprir a ausência ou omissão do Estado em produzir e divulgar amplamente dados confiáveis e de qualidade para que políticas públicas sejam avaliadas. As pesquisadoras da Rede de Observatórios conferem diariamente dezenas de veículos de imprensa, coletam informações e alimentam um banco de dados que posteriormente é revisado e consolidado.
Acesse este link e leia o boletim completo.