Maranhão e Piauí serão monitorados pela Rede a partir do segundo semestre
A partir de agosto, Maranhão e Piauí passam a integrar a Rede de Observatórios da Segurança. Os estados se juntam a Bahia, Ceará, Pernambuco, Rio de Janeiro e São Paulo na produção de dados cidadãos. A iniciativa completa dois anos com a marca de 31.535 eventos violentos monitorados nos cinco estados – o que equivale a um caso a cada 33 minutos – divulgada do relatório A vida resiste: além dos dados da violência.
O monitoramento é feito a partir do que circula nos meios de comunicação e nas redes sociais sobre violência e segurança pública. São 16 indicadores e tradicionalmente ações policiais e eventos com armas de fogo ocupam a maior parte do noticiário policial. Mas o feminicídio e a violência contra a mulher – o terceiro maior dado monitorado na Rede – vem ganhando espaço no noticiário. A imprensa passou a nomear o problema. As pesquisadoras da Rede de Observatórios conferem diariamente dezenas de veículos de imprensa, coletam informações e alimentam um banco de dados que posteriormente é revisado e consolidado.
A Rede surgiu para suprir a ausência ou omissão do Estado em produzir e divulgar amplamente dados confiáveis e de qualidade para que políticas públicas sejam avaliadas. É projeto do Centro de Estudos de Segurança e Cidadania (CESeC), com apoio da Fundação Ford, e foi a primeira iniciativa a monitorar operações policiais no Brasil.
No Maranhão, o trabalho começa com um olhar profundo para a periferia, com o apoio da Rede de Estudos Periféricos, que atua na Baixada Maranhense com pesquisadores de origem periférica, ligada atualmente a duas instituições de ensino e pesquisa no Maranhão: a Universidade Federal do Maranhão – UFMA e o Instituto Federal do Maranhão – IFMA. Já no Piauí a parceria é com o Nupec – Núcleo de Pesquisas sobre Crianças, Adolescentes e Jovens, da Universidade Federal do Piauí – UFPI, uma iniciativa que já tem uma trajetória de 20 anos.
Existem dinâmicas novas e preocupantes em curso, com movimentações de facções, novos tipos de violência em bairros periféricos, execuções de adolescentes e jovens concentradas em algumas áreas. Além disso, um motivo forte da escolha dos dois novos estados foi a presença de núcleos de pesquisa comprometidos com a formação de pesquisadores jovens das periferias e da agenda contra o racismo dentro das próprias trajetórias institucionais.
A Rede de Estudos Periféricos e o Núcleo de Pesquisas sobre Crianças, Adolescentes e Jovens se unem a Iniciativa Negra por uma Nova Política sobre Drogas (INNPD); Gabinete de Assessoria Jurídica às Organizações Populares (Gajop); Laboratório de Estudos da Violência (LEV/UFC) e ao Núcleo de Estudos da Violência (NEV/USP). O objetivo é monitorar e difundir informações sobre segurança pública, violência e direitos humanos.
Dois anos de Rede
Ações policiais, eventos com armas letais e violência contra mulher são os maiores registros da Rede de Observatórios da Segurança nos seus dois anos de existência nos cinco estados monitorados. É o que mostra o relatório A vida resiste: além dos dados da violência lançado neste mês de julho. A publicação traz detalhes dos eventos violentos monitorados. O monitoramento é equivalente ao período de junho de 2019 até maio de 2021.
A polícia da Bahia se mostra a mais letal do Nordeste com 461 mortes. O estado também lidera o número de chacinas (74) na região – Dentre os estados monitorados, fica atrás apenas do Rio de Janeiro com 92 . Pernambuco é o estado mais perigoso para ser jovem com 165 mortes de crianças e adolescentes. Já Ceará é o estado mais perigoso para LGBTQIA+ com a maior taxa de violência contra essa população. São 6 casos por milhão de habitantes, uma taxa três vezes maior que a de São Paulo.